Inscrições até 20 de setembro
Criado para incentivar a escrita dramática e o surgimento de novos autores, o programa estabelece um prêmio no valor de 15mil euros para o autor da obra vencendora. O texto escolhido será também editado no Brasil e em Portugal.
mais informações no site do Ministério da Cultura.
terça-feira, 17 de agosto de 2010
segunda-feira, 9 de agosto de 2010
I CONCURSO INTERNACIONAL DE LENDAS E POESIA MULHERES EMERGENTES (ME) - 2010
Seguindo a programação de celebração dos 21 anos do mural poético ME, a poeta e editora Tânia Diniz, lança o 1º CONCURSO INTERNACIONAL DE LENDAS E POESIA MULHERES EMERGENTES, um desafio aos escritores, para criação de lendas sobre qualquer tema.
Confiram os regulamentos do concurso no blog http://mulheresemergentes.blogspot.com/
quarta-feira, 4 de agosto de 2010
sexta-feira, 28 de maio de 2010
quarta-feira, 28 de abril de 2010
Caros amigos
Saudamos uma década de poesia... Saudamos o desabrochar de versos e poemas performances, conversas, amizades... Em dez anos de existência, quanta criação foi expressa, quanta inventividade foi comungada.
Poesia em pó, em corpo, em alma, espírito... Quantas abordagens diferentes para a poética vital de cada um... Mas para ser breve e clichê, toda poesia deveria terminar com o eterno jargão; Não tenho - nem - palavras para dizer... Ou... “Eu tenho tanto pra lhe falar, mas com palavras (ironicamente) não sei dizer”. Parabéns a todos que completaram dez anos com você. Sarau de Poesia da Lagoa do Nado.
Quinta-Feira, dia 29 de Abril, a partir das 19 horas, estaremos cantando, versando os parabéns e gostaríamos de contar com todos os colaboradores e atuantes deste rito poético.
Editorial Cabeça de Papel
Saudamos uma década de poesia... Saudamos o desabrochar de versos e poemas performances, conversas, amizades... Em dez anos de existência, quanta criação foi expressa, quanta inventividade foi comungada.
Poesia em pó, em corpo, em alma, espírito... Quantas abordagens diferentes para a poética vital de cada um... Mas para ser breve e clichê, toda poesia deveria terminar com o eterno jargão; Não tenho - nem - palavras para dizer... Ou... “Eu tenho tanto pra lhe falar, mas com palavras (ironicamente) não sei dizer”. Parabéns a todos que completaram dez anos com você. Sarau de Poesia da Lagoa do Nado.
Quinta-Feira, dia 29 de Abril, a partir das 19 horas, estaremos cantando, versando os parabéns e gostaríamos de contar com todos os colaboradores e atuantes deste rito poético.
Editorial Cabeça de Papel
terça-feira, 27 de abril de 2010
Primeiras Primaveras
Primeiras primaveras
Flores mal desenhadas éramos ainda, menino
Quando escapou-me dos seus olhos um líquido violeta cheirando jasmin
Escorreguei naquilo: visgo, óleo, seria lume perfumado?
E dançamos silêncios.
Teria sido assim o começo
De quantas primaveras?
Seus olhos de sempre...
Não há, todavia, som
Seus olhos, raros de mim
Guardam silêncio
Seus olhos, menino, cheiram jasmin...
Há quantas primaveras?
Quantas primaveras? Estão, serão?
Muitas vezes longe, raros de nós, quase perdidos no silêncio;
Mas há um há, o é -.
Porque seus olhos calados me lembram uma coisa
que não é para eu esquecer
e, às vezes, eu quase perco.
E isso você não sabe, talvez.
Está no relance, escapa
E escorrega sempre.
Ludmila Benquerer
Flores mal desenhadas éramos ainda, menino
Quando escapou-me dos seus olhos um líquido violeta cheirando jasmin
Escorreguei naquilo: visgo, óleo, seria lume perfumado?
E dançamos silêncios.
Teria sido assim o começo
De quantas primaveras?
Seus olhos de sempre...
Não há, todavia, som
Seus olhos, raros de mim
Guardam silêncio
Seus olhos, menino, cheiram jasmin...
Há quantas primaveras?
Quantas primaveras? Estão, serão?
Muitas vezes longe, raros de nós, quase perdidos no silêncio;
Mas há um há, o é -.
Porque seus olhos calados me lembram uma coisa
que não é para eu esquecer
e, às vezes, eu quase perco.
E isso você não sabe, talvez.
Está no relance, escapa
E escorrega sempre.
Ludmila Benquerer
MINAS [lopes de la rocha]
5 LETRAS 5 SENTIDOS
MINAS, a terra
MINEIRICE, o jeito
MINEIRIDADE, o sentimento
MINEIRANÇA, o sonho
MINEIRIANA, a devoção
Oração a mim mesmo
Oswaldo Antônio Begiato
Que eu me permita olhar, escutar e sonhar mais
Falar menos
Vê nos olhos de quem me vê
a admiração que eles me têm
e não a inveja que prepotentemente
penso que eles têm
(...)
Permitir sempre escutar aquilo
que não tenho me permitido escutar
(...)
E aprender o sabor da exuberância
que se mostra nas pequenas
manifestações da vida
Que meu choro não seja em vão
Que em vão não sejam minhas dúvidas
Que eu saiba perder meus caminhos
mas saiba recuperar meus destinos com dignidade
(...)
Traduzir o que os mestres ensinam
e compreender a alegria com que
os simples traduzem suas experiências
(...)
Auxiliar a solidão de quem chegou
render-me ao motivo de quem partiu
e aceitar a saudade de quem ficou
Que eu me permita olhar, escutar e sonhar mais
Falar menos
Vê nos olhos de quem me vê
a admiração que eles me têm
e não a inveja que prepotentemente
penso que eles têm
(...)
Permitir sempre escutar aquilo
que não tenho me permitido escutar
(...)
E aprender o sabor da exuberância
que se mostra nas pequenas
manifestações da vida
Que meu choro não seja em vão
Que em vão não sejam minhas dúvidas
Que eu saiba perder meus caminhos
mas saiba recuperar meus destinos com dignidade
(...)
Traduzir o que os mestres ensinam
e compreender a alegria com que
os simples traduzem suas experiências
(...)
Auxiliar a solidão de quem chegou
render-me ao motivo de quem partiu
e aceitar a saudade de quem ficou
segunda-feira, 26 de abril de 2010
Vilas do Saber
- IX -
Nascente de grota grutas
Escamas de água águam os gaviões
Da janela um véio oiá a janela -
E de canela toma um quente
Candeeiro aceso na casa do padre
Cemitério de lua nova pro peixe tolo.
Uma caixa e uma xarada...
- Cutuca Zezim, cutuca Zezim
Pari é armadilha de pescador
Tropa anda em frente de cigano
Vila do Saber já em vem por lá
Outra vila – interioro .. interioro.
Interior e Hórus em orações e mato.
Queijo – passei dem dagua virou a lua
Zen D’en D’Água ascendeu o fogo
Mãe do ouro apareceu na madrugada
Manha em uma Vila do Saber
Sabeis o sol – o nascimento de tudo ...
Orvalhindo vai subindo em esporos cristais
Pão – café e uma calma de acordar que sonhei
Musica – de ontem a fora, fora muito azul
Trabaia brincando e brincando trabaia
O barco leva esta lenha para o outro lado do rio.
Para de chover quando o vento assovia sós.
Sem chuva da para a passagem passar
Volta à vida devagar e dinamicamente
Moinho – as considerações dos astros
Elevam-me a molhar as couves e as mostardas
Acompanhar o vento no calor causa delírio
Vila do Saber é sossegada dentro de mim
Em cima da montanha para as bandas de Lá
Tem outra chamada de Lapinha. Não é,
É angu duro, Itatiaia de lavras novas.
Eu acordei em uma Vila
em Mim - chão de aipim e pim de ai
Inter-oro pela capela dos anhagueras
As serranias encerram os raios solares
Defumações sobem ao céus
Estrela e agricultura andam juntas.
São a mesma ciência.
Aquela vila do saber tem outra língua
Vissunga alguma coisa para nossoutros
Ou nhegathu num fala mais?
Que bicho você fala?
São ou não são a mesma ciência?
A outra Vila é a de Candeias...
Você num fala nada... só escuta.
aonde tem leite tem lei. alem de leitor ...
Ou não sabes ler sua Vila? vida...
A sabedoria relincha uma vida cancioneira
Burro mestre não balança veneno de cobra
Coraci Q’Arca
II – poema em diversas partes do livro deslivro – vila do saber -
coraciq'arca - confraria da mascaras suspensas -
Nascente de grota grutas
Escamas de água águam os gaviões
Da janela um véio oiá a janela -
E de canela toma um quente
Candeeiro aceso na casa do padre
Cemitério de lua nova pro peixe tolo.
Uma caixa e uma xarada...
- Cutuca Zezim, cutuca Zezim
Pari é armadilha de pescador
Tropa anda em frente de cigano
Vila do Saber já em vem por lá
Outra vila – interioro .. interioro.
Interior e Hórus em orações e mato.
Queijo – passei dem dagua virou a lua
Zen D’en D’Água ascendeu o fogo
Mãe do ouro apareceu na madrugada
Manha em uma Vila do Saber
Sabeis o sol – o nascimento de tudo ...
Orvalhindo vai subindo em esporos cristais
Pão – café e uma calma de acordar que sonhei
Musica – de ontem a fora, fora muito azul
Trabaia brincando e brincando trabaia
O barco leva esta lenha para o outro lado do rio.
Para de chover quando o vento assovia sós.
Sem chuva da para a passagem passar
Volta à vida devagar e dinamicamente
Moinho – as considerações dos astros
Elevam-me a molhar as couves e as mostardas
Acompanhar o vento no calor causa delírio
Vila do Saber é sossegada dentro de mim
Em cima da montanha para as bandas de Lá
Tem outra chamada de Lapinha. Não é,
É angu duro, Itatiaia de lavras novas.
Eu acordei em uma Vila
em Mim - chão de aipim e pim de ai
Inter-oro pela capela dos anhagueras
As serranias encerram os raios solares
Defumações sobem ao céus
Estrela e agricultura andam juntas.
São a mesma ciência.
Aquela vila do saber tem outra língua
Vissunga alguma coisa para nossoutros
Ou nhegathu num fala mais?
Que bicho você fala?
São ou não são a mesma ciência?
A outra Vila é a de Candeias...
Você num fala nada... só escuta.
aonde tem leite tem lei. alem de leitor ...
Ou não sabes ler sua Vila? vida...
A sabedoria relincha uma vida cancioneira
Burro mestre não balança veneno de cobra
Coraci Q’Arca
II – poema em diversas partes do livro deslivro – vila do saber -
coraciq'arca - confraria da mascaras suspensas -
sábado, 24 de abril de 2010
Pluviosidade
Voltei pelo meu guarda-chuva
tentei guardar a chuva desse dia
a água que chovia nesse instante
mas de nada me valeu guardar a mágoa
pois perdi de vista quem amava
tive receios de ir caminhando sozinha pra casa
e chover a reserva de mim pelo caminho
Pela manhã, mamãe pergunta:
“Priscila, você mijou na cama?”
Não, mãe, eu apenas chovi
fui por toda a noite nuvens carregadas
e por passava ninguém quis guardar um pinguinho de mim
não vi nenhum único e negro guarda-chuva
todos se protegiam com suas sombrinhas coloridas
Priscila Borges
tentei guardar a chuva desse dia
a água que chovia nesse instante
mas de nada me valeu guardar a mágoa
pois perdi de vista quem amava
tive receios de ir caminhando sozinha pra casa
e chover a reserva de mim pelo caminho
Pela manhã, mamãe pergunta:
“Priscila, você mijou na cama?”
Não, mãe, eu apenas chovi
fui por toda a noite nuvens carregadas
e por passava ninguém quis guardar um pinguinho de mim
não vi nenhum único e negro guarda-chuva
todos se protegiam com suas sombrinhas coloridas
Priscila Borges
Cabeça de Papel
Quando eu morrer
quero ganhar uma árvore
como ganham ao nascer
as crianças de Contagem
e quando me cortarem
façam de mim papéis
e que as gerações futuras
escrevam no meu corpo
os poemas
serão soltos nas nuvens
mas só poderão ser
computados nos dedos
sentidos nos olhos
e tatuados
no papel
lopes de la rocha
quero ganhar uma árvore
como ganham ao nascer
as crianças de Contagem
e quando me cortarem
façam de mim papéis
e que as gerações futuras
escrevam no meu corpo
os poemas
serão soltos nas nuvens
mas só poderão ser
computados nos dedos
sentidos nos olhos
e tatuados
no papel
lopes de la rocha
LINGUA
PALAVRAS COMPOSTAS E DERIVADAS
A língua tupi conhece em larga escala os processos de derivação e composição. Mas esses processos estão condicionados a algumas normas cujo desconhecimento é responsável por muitas palavras defeituosas, algumas já oficializadas, bem como por tantas "etimologias" ou explicações fantasiosas de nomes tupis.
Composição
Os casos mais comuns são:
1. substantivo & adjetivo
2. substantivo & substantivo
3. substantivo & verbo
4. adjetivo ou verbo & advérbio
REGRA GERAL: Em toda e qualquer composição, o primeiro elemento, sendo oxítono, conserva-se inalterado; sendo paroxítono, diante de vogal perde a última vogal; diante de consoante, perde a última sílaba:
itá “pedra” piránga “vermelho”
ybáka “céu” obý “azul”
'ába “cabelo”, “pluma”, “pena” úna “preto”
aîúra “pescoço” tínga “branco”
nhe'énga “falar”, “voz” atã “duro”
katú “bom”, “bem” 'ára “apanhar”
epîáka “ver” mongý “pregar”, “colar”
itapiránga “pedra vermelha”
itaobý “pedra azul”
ybakobý “céu azul”
ybapiránga “céu vermelho”
'abúna “cabelo preto”
'atínga “cabelo branco”, “cãs”
aîurára “apanhar o pescoço”
ybakepîáka “ver o céu”
ybakunepîáka “ver o céu negro”
'amongý “colar plumas”
nhe'engatã “falar duro ou alto”
epîakatú “ver bem”
ybakunepîakatú “ver bem o céu negro”
Dão-se outros metaplasmos, cuja relação vem adiante:
1. Substantivo & adjetivo
gûyratínga “pássaro branco”, de gûyrá “pássaro”
mboîúna “cobra preta”, de mbóîa “cobra”
Como se vê, os adjetivos que levam prefixos t- ou s- perdem esses prefixos.
Observe-se que todo verbo intransitivo pode funcionar também como adjetivo junto ao substantivo:
abarebebé “padre voador”, de abaré “padre” e bebé “voar”
pirabebé “peixe voador”, de pirá “peixe”
itasunúnga “pedra que ressoa”, de sunúnga “fazer barulho ”
pirasunúnga “peixe que faz barulho”
2. Substantivo & substantivo
Dois substantivos se justapõem para exprimir as noções:
• possuidor & possuído
• material & coisa feita
• principal & aposto
I. Genitivo possessivo. Em tupi o possuidor vem imediatamente antes do possuído, sem auxílio de nenhuma preposição:
abanhe'énga “língua de índio”, de abá “índio”
ybapé “casca de fruta”, de ybá “fruta” e pé “casca”
sokopý “pé de socó”, de sokó “socó” e pý “pé”
abapó “mão de índio”, de pó “mão”
Tupãóka “casa de Deus”, de Tupã “Deus” e óka “casa”
Tupãsý “mãe de Deus”, de sý “mãe”
Se o segundo elemento é dos que admitem t- ou s-, substitui esses prefixos por r-:
abara'ýra “filho de índio”, de (t)a'ýra “filho”
îaguaresá “olho de onça”, de îaguára “onça” e (t)esá “olho”
Tupãra'ýra “filho de Deus”
kunhãrobá “rosto de mulher”, de kunhã “mulher” e (t)obá “rosto”
II. Matéria de composição. O mesmo processo do genitivo:
itanha'ẽ “prato de pedra”, de nha'ẽ “prato”
itaóka “casa de pedra”
nhau'umbóka “casa de barro”, de nhau'úma “barro”
III. Aposto. A mesma ordem portuguesa:
abá-gûyrá “índio-pássaro”
pó-pindá “mão-anzol” (ladrão), de pindá “anzol”
Os nomes que têm o prefixo t- ou s- conservam esses prefixos:
mba'é-tatá “coisa(ou bicho)-fogo”, de (t)atá “fogo”
Tupã-Ta'ýra “Deus-Filho”
kunhã-tobá “mulher-rosto”
caûĩ-tatá “cauim-fogo” (aguardente)
Por vezes o aposto inclui a relação expressa em português por “o... de...”, “o... que tem...”:
yá-anhurĩ “cabaça de colo” (que tem colo)
abá-mu'ambába “o índio do assalto” (que esteve no assalto)
abá-tingûasú “o índio do nariz grande”
kunhã-igasába “a mulher do pote” (que vimos com um pote)
ybyrá-á “árvore de fruta” (que tem ou dá fruta)
kunhã-mene'õ “mulher-viúva” (do marido morto)
pirá-akãîúba “peixe da cabeça amarela”
îagûá-popéba “onça (ou cão) de mão chata ” (lontra)
ybyrá-pogûasú “árvore da fibra grossa”
kurumĩ-popindá “menino da mão-anzol” (ladrão)
Neste caso, os nomes que têm t- ou s- perdem esses sufixos:
kunhã-obaîúba “mulher do rosto amarelo”
3. Substantivo & verbo transitivo
O objeto direto pode vir incorporado ao tema do verbo transitivo, precedendo-o imediatamente e formando com ele por vezes nova palavra:
'y'ú “beber água”, de 'ý “água” e 'ú “ingerir”
akangóka “arrancar a cabeça”, de akánga “cabeça” e 'óka “arrancar”
tamonhánga “fundar aldeia”, de tába “aldeia” e monhánga “fazer”
Os verbos que têm s- como pronome objetivo de 3ª pessoa (e também alguns irregulares, raros, que têm t-) perdem esses prefixos:
tabepîáka “ver a aldeia”, de (s)epîáka “ver”
paranãepîáka “ver o mar”, de paranã “mar”
akangupíra “erguer a cabeça”, de (s)upíra “erguer”
nhe'engendúba “ouvir voz”, de (s)endúba “ouvir”
Observação. O verbo transitivo em tupi deve vir sempre precedido de objeto direto ou do pronome objetivo que o represente, mesmo pleonasticamente. À falta de pronome individual, pelo menos os pronomes de classe poro- ou mba'é, respectivamente para as classes superior e inferior. O mesmo se diga dos particípios, nomes verbais, etc. Por exemplo, nunca se pode dizer em abstrato aûsupára “o que ama”, “amante”, nem kuapára “o que sabe”, “sábio”. É mister especificar: poraûsupára “o que ama (gente, os outros)”, mba'ekuapára “o que sabe (coisas)”, etc.
4. Adjetivo ou verbo & advérbio
Os advérbios de modo são os próprios adjetivos:
epîakatú “ver bem”
rekoa'íba “maltratar”, de rekó “tratar” e a'íba “mal”
aŷsokatú “muito formoso”, de aŷsó “formoso”
mombe'uporánga “enaltecer”, de mombe'ú “proclamar” e poránga “bonito”
Os adjetivos ou advérbios de prefixos t- ou s- perdem esses prefixos:
nhe'engatã “falar alto”, de atã “duro, forte”
Derivação
É grande o número de prefixos e sufixos de que se serve a língua tupi para formar derivados. Alguns são nominais, outros verbais. É importante ter uma idéia deles, mesmo para poder isolar o tema de palavras que na maioria dos textos vêm escritas sem separação alguma.
Junta-se aqui uma lista dos principais, incluídos também alguns pronomes, partículas e preposições átonas. Para o seu emprego e sentido, o leitor recorra ao dicionário ou às gramáticas.
Prefixos
mo- ou mbo- pe-, pend-; opo-
r(o)- ou no- i-, iî-, î-; inh-, nh-; s-, t-
por(o)-, po-, mor(o)-, mbor(o)- îo- ou nho-; îos- ou nhos-
mba'é o-, ogû-, og-, gû-, g-
te- ou t- gûe-, -e-
se- ou s- îe- ou nhe-
xe; a-; gûi- îo- ou nho-
nde, ne, de; ere-; e-; oro- mi- ou mbi-
îa- ou nha- re- ou r-
oré; oro- nda-, nd-, na-, n-
ta-, t-
Sufixos
sába, ába, tába, -ma, -ba -ne
sára, ára, tára, ána -a
pýra, mbýra -i
-ba'e -u
póra, bóra -pe, -be, -me, -bo, -i
týba, ndýba -pe?
sûára, xûára, ndûára, gûára, gûána -ne
sûéra, xûéra, ndûéra -reme, -neme, -eme, -me, -e
pûéra, ûéra, éra, ndûéra, mbûéra -bo, -mo, abo, amo, -a
ráma, náma, áma -no
ukára -te
e'ýma -ramo, -namo, -amo
-i
-mo
Observação. As formas precedidas de hífen são átonas e enclíticas.
Le formas -ma, ana, mbýra, ndýba, ndûára, ndûéra, mbûéra, náma, -me, -neme, -mo, -namo são as variantes que se empregam após um som nasal. Xûára e xûéra após i.
Alguns afixos, como -i, vêm indicados mais de uma vez: sinal de que têm funções várias.
Os afixos verbais e participiais são suscetíveis das mais variadas composições:
sára: saráma, sarame'ýma, sarûéra, sarûere'ýma, sare'ymbûéra, sarûeráma, sarûerame'ýma, sarambûéra, sarambuere'ýma, satýba, etc.
-ba'e: ba'eráma, ba'erame'ýma, ba'epûéra, ba'epûere'ýma, ba'ere'ymbûéra, etc.
sába: sagûáma, sagûéra, sabambûéra, sagûeráma, satygûéra, etc.
pýra: pyrûéra, pyre'ýma, pyráma, pyrambûéra, pyre'ymbûéra, pyrûere'ýma, etc.
Os prefixos e sufixos que mais amiúde integram nomes derivados são:
Prefixos
mo- ou mbo- : causativo; transitivador
séma “sair” — moséma “fazer sair”, “tocar”, “enxotar”
ykú “líquido” — moykú “liquefazer”
póra “saltar” — mopóra “fazer saltar”
akúba “quente” — moakúba “aquecer”
paîé “feiticeiro” — mopaîé “tornar feiticeiro”
úba “jazer, estar deitado” — moúba “fazer deitar”, “acomodar”
ro- ou no- : causativo-comitativo; transitivador
séma “sair” — roséma “sair com”, “retirar”
póra “saltar” — ropóra “saltar com”
úba “estar deitado” — roúba “fazer deitar consigo”
kéra “dormir” — rokéra “fazer dormir consigo”
iké “entrar” — roîké “fazer entrar consigo”
poro-, por-, po-, moro-, mboro-, etc. : prefixo de classe superior: gente
pysýka “apanhar” — poropysýka “apanhar gente ”
aûsúba “amar” — moraûsúba “amar os outros”; “amor”
séma “sair”; “saída” — moroséma “sair gente”; “saída de gente”
mba'é : prefixo de classe inferior: coisa, planta, animal
pysýka “apanhar” — mba'epysýka “apanhar as coisas”
kuába “saber” — mba'ekuába “saber (as coisas)”; “sabedoria”
séma “sair” — mba'eséma “sair coisa”, “saída de coisas”
t(e)- : mesmo que poro-
obá “rosto” — tobá “rosto (de gente)”
mbi'ú “comida” — tembi'ú “comida (de gente)”
obý “azul” — tobý “azul (gente)”
akypûéri “atrás de” — takypûéri “atrás (de gente)”
iké “entrar” — teîké “entrar (gente)”; “entrada (de gente)”
e'õ “morrer” — te'õ “morrer (gente)”; “morte (de gente)”
s(e)- : mesmo que mba'é
obá “rosto” — sobá “rosto (de bicho)”
mbi'ú “comida” — sembi'ú “comida (de animal)”
obý “azul” — sobý “azul (coisa)”
akypûéri “atrás de” — sakypûéri “atrás (de coisa)”
iké “entrar” — seîké “entrar (coisa)”; “entrada (de coisa)”
e'õ “morrer” — se'õ “morrer (coisa)”; “morte (de coisa)”
îe- ou nhe- : reflexivo
moakúba “aquecer” — îemoakúba “aquecer-se”
moúba “acomodar” — îemoúba “acomodar-se”
pysýka “apanhar” — îepysýka “apanhar-se”
aûsúba “amar” — îeaûsúba “amar-se”
míma “esconder” — nhemíma “esconder-se”
îo- ou nho- : recíproco
moakúba “aquecer” — îomoakúba “aquecerem-se (uns aos outros)”
aûsúba “amar” — îoaûsúba “amarem-se (idem)”
míma “esconder” — nhomíma “esconderem-se”
mi- ou mbi- : particípio passivo, de agente expresso
'ú “comer” — mbi'ú “comido”
míma “esconder” — mimíma “escondido”
aûsúba “amar” — miaûsúba “amado”
mbo'é “ensinar” — mimbo'é “ensinado”
moykú “liquefazer” — mimoykú “liquefeito”
Sufixos
sára, ára, ána : particípio ativo, de verbos transitivos
monhánga “fazer” — monhangára “o que faz”, “fazedor”
pí “picar” — pisára “o que pica”
týma “enterrar” — tymbára “o que enterra”
sýba “limpar” — sypára “o que limpa”
pobána “fiar” — pobandára “o que fia”, “fiador”
póîa “alimentar” — poîtára “o que alimenta”
potára “querer” — potasára “o que quer”
pysyrõ “salvar” — pysyrõána “salvador”
'ú “comer” — gûara “comedor”
bóra : particípio abundancial ativo
kanhéma “fugir” — kanhembóra “fujão”
moraûsúba “amor” — moraûsubóra “amoroso”
ambyasý “fome” — ambyasybóra “faminto”
mara'ára “doente” — mara'abóra “doentio”
póra : particípio abundancial passivo
kamusí “pote” — kamusipóra “o que está (contido) no pote”
ybáka “céu” — ybàkapóra “o que está no céu”
pý “pé” — pypóra “sinal dos pés”, “pegada”
pýra, býra : particípio passivo, de agente indeterminado
îuká “matar” — îukapýra “matado”, “morto”
týma “enterrar” — tymbýra “enterrado”
'ú “comer” — 'upýra “comido”
sába, ába, -ma, -ba : particípio circunstancial; verbal; subst.
îuká “matar” — îukasába “lugar, tempo, ocasião, modo, meio, instrumento, companheiro, causa, motivo, fim, efeito, poder de matar”; “ação de matar”; “o matar”; “matança”
monhánga “fazer” — monhangába “lugar, etc., de fazer”
týma “enterrar” — tymbába “lugar, etc., de enterrar”
sykyîé “temer” — sykyîéba “lugar, etc., de temer”
nupã “açoitar” — nupama “lugar, etc., de açoitar”
poránga “belo” — porangába “beleza”
sýka “chegar” — sykába “lugar, etc., de chegar”; “chegada”
asába “passar” — asapába “lugar, etc., de passar”; “passagem”
sûára, xûára, ndûára, gûára, gûána : o que é ou está & complemento circunstancial
'ára îabi'õ “cada dia” — 'ára îabi'ondûára “quotidiano”
pópe “na mão” — popesûára “que está na mão”; “arma”
ybáka “céu” — ybakygûára “celestial”
mamó “fora”, “longe” — mamòygûára “forasteiro”
ka'á “mato” — ka'àygûána “que mora no mato”
sûéra, xûéra, ndûéra : particípio ativo, abundancial, de verbos não transitivos
atá “andar” — atasûéra “andejo”
nhe'énga “falar” — nhe'engyxûéra “falador”
nhe'engatã “falar alto” — nhe'engatandûéra “o que costuma falar alto”
týba, ndýba : coletivo; abundancial
arasá “araçá” — arasatýba “araçazal”
takûare'ẽ “cana” — takûare'endýba “canavial”
îukasára “o que mata” — îukasatýba “o que costuma matar”
îukasába “lugar, etc., de matar” — îukasatýba “lugar, etc., em que é costume matar”
ráma, áma, náma, ûáma, gûáma : futuro nominal
ybá “fruta” — ybaráma “a que será fruta ”
ména “marido” — menáma “futuro marido”
nhũ “campo” — nhunáma “futuro campo”
óka “casa” — okûáma “futura casa”
tába “aldeia” — tagûáma “futura aldeia”
monhangára “o que faz” — monhangaráma “o que vai fazer”
kanhembóra “fujão” — kanhemboráma “o que vai ser fujão”
ybakapóra “o que está no céu” — ybakaporáma “o que vai estar no céu”
îukapýra “morto” — îukapyráma “o que será morto”
îukasába “lugar, etc., de matar” — îukasagûáma “lugar, etc., em que se matará”
pûéra, mbûéra, ûéra, gûéra : passado nominal
ybá “fruta” — ybapûéra “a que foi fruta ”
nhũ “campo” — nhumbûéra “o que foi campo”
óka “casa” — okûéra “a que foi casa”
ména “marido” — mendûéra ou mendéra “o que foi marido”
kába “gordura” — kagûéra “o que foi gordura”
monhangára “o que faz” — monhangarûéra “o que fez”
kanhembóra “fujão” — kanhemborûéra “o que foi fujão”
îukapýra “morto” — îukapyrûéra “o que foi morto”
îukasába “lugar, etc., de matar” — îukasagûéra “lugar, etc., em que se matou”
rambûéra, ambûéra : passado-futuro
paîerambûéra “o que ia ser pajé (e não foi)”; “ex-futuro pajé”
tabambûéra “a que ia ser aldeia (e não foi)”; “ex-futura aldeia ”
menambûéra “o que ia ser marido (e não foi)”; “ex-futuro marido”
pûeráma, mbûeráma, ûeráma, gûeráma : futuro-passado
paîepûeráma “o que terá sido pajé”; “o que deixará de ser pajé”; “futuro ex-pajé”
nhumbûeráma “o que terá sido ou deixará de ser campo”; “futuro ex-campo”
e'ýma : negativo
monhánga “fazer” — monhange'ýma “não fazer”
monhangára “o que faz” — monhangare'ýma “o que não faz”
îukapýra “morto” — îukapyre'ýma “não morto”
poránga “belo” — porange'ýma “não belo”
porangába “beleza” — porangabe'ýma “falta de beleza”
arasatýba “araçazal” — arasatybe'ýma “onde não há araçás”
nhunáma “futuro campo” — nhuname'ýma “o que não será campo”
— paîerame'ýma “o que não será pajé”
îukapyráma “futuro morto” — îukapyrame'ýma “o que não será morto”
nhumbûéra “o que foi campo” — nhumbûere'ýma “o que não foi campo”
monhangarûéra “o que fez” — monhangarûere'ýma “o que não fez”
paîerambûéra “o que ia ser pajé” — paîerambuere'ýma “o que não ia ser
PALAVRAS COMPOSTAS E DERIVADAS
A língua tupi conhece em larga escala os processos de derivação e composição. Mas esses processos estão condicionados a algumas normas cujo desconhecimento é responsável por muitas palavras defeituosas, algumas já oficializadas, bem como por tantas "etimologias" ou explicações fantasiosas de nomes tupis.
Composição
Os casos mais comuns são:
1. substantivo & adjetivo
2. substantivo & substantivo
3. substantivo & verbo
4. adjetivo ou verbo & advérbio
REGRA GERAL: Em toda e qualquer composição, o primeiro elemento, sendo oxítono, conserva-se inalterado; sendo paroxítono, diante de vogal perde a última vogal; diante de consoante, perde a última sílaba:
itá “pedra” piránga “vermelho”
ybáka “céu” obý “azul”
'ába “cabelo”, “pluma”, “pena” úna “preto”
aîúra “pescoço” tínga “branco”
nhe'énga “falar”, “voz” atã “duro”
katú “bom”, “bem” 'ára “apanhar”
epîáka “ver” mongý “pregar”, “colar”
itapiránga “pedra vermelha”
itaobý “pedra azul”
ybakobý “céu azul”
ybapiránga “céu vermelho”
'abúna “cabelo preto”
'atínga “cabelo branco”, “cãs”
aîurára “apanhar o pescoço”
ybakepîáka “ver o céu”
ybakunepîáka “ver o céu negro”
'amongý “colar plumas”
nhe'engatã “falar duro ou alto”
epîakatú “ver bem”
ybakunepîakatú “ver bem o céu negro”
Dão-se outros metaplasmos, cuja relação vem adiante:
1. Substantivo & adjetivo
gûyratínga “pássaro branco”, de gûyrá “pássaro”
mboîúna “cobra preta”, de mbóîa “cobra”
Como se vê, os adjetivos que levam prefixos t- ou s- perdem esses prefixos.
Observe-se que todo verbo intransitivo pode funcionar também como adjetivo junto ao substantivo:
abarebebé “padre voador”, de abaré “padre” e bebé “voar”
pirabebé “peixe voador”, de pirá “peixe”
itasunúnga “pedra que ressoa”, de sunúnga “fazer barulho ”
pirasunúnga “peixe que faz barulho”
2. Substantivo & substantivo
Dois substantivos se justapõem para exprimir as noções:
• possuidor & possuído
• material & coisa feita
• principal & aposto
I. Genitivo possessivo. Em tupi o possuidor vem imediatamente antes do possuído, sem auxílio de nenhuma preposição:
abanhe'énga “língua de índio”, de abá “índio”
ybapé “casca de fruta”, de ybá “fruta” e pé “casca”
sokopý “pé de socó”, de sokó “socó” e pý “pé”
abapó “mão de índio”, de pó “mão”
Tupãóka “casa de Deus”, de Tupã “Deus” e óka “casa”
Tupãsý “mãe de Deus”, de sý “mãe”
Se o segundo elemento é dos que admitem t- ou s-, substitui esses prefixos por r-:
abara'ýra “filho de índio”, de (t)a'ýra “filho”
îaguaresá “olho de onça”, de îaguára “onça” e (t)esá “olho”
Tupãra'ýra “filho de Deus”
kunhãrobá “rosto de mulher”, de kunhã “mulher” e (t)obá “rosto”
II. Matéria de composição. O mesmo processo do genitivo:
itanha'ẽ “prato de pedra”, de nha'ẽ “prato”
itaóka “casa de pedra”
nhau'umbóka “casa de barro”, de nhau'úma “barro”
III. Aposto. A mesma ordem portuguesa:
abá-gûyrá “índio-pássaro”
pó-pindá “mão-anzol” (ladrão), de pindá “anzol”
Os nomes que têm o prefixo t- ou s- conservam esses prefixos:
mba'é-tatá “coisa(ou bicho)-fogo”, de (t)atá “fogo”
Tupã-Ta'ýra “Deus-Filho”
kunhã-tobá “mulher-rosto”
caûĩ-tatá “cauim-fogo” (aguardente)
Por vezes o aposto inclui a relação expressa em português por “o... de...”, “o... que tem...”:
yá-anhurĩ “cabaça de colo” (que tem colo)
abá-mu'ambába “o índio do assalto” (que esteve no assalto)
abá-tingûasú “o índio do nariz grande”
kunhã-igasába “a mulher do pote” (que vimos com um pote)
ybyrá-á “árvore de fruta” (que tem ou dá fruta)
kunhã-mene'õ “mulher-viúva” (do marido morto)
pirá-akãîúba “peixe da cabeça amarela”
îagûá-popéba “onça (ou cão) de mão chata ” (lontra)
ybyrá-pogûasú “árvore da fibra grossa”
kurumĩ-popindá “menino da mão-anzol” (ladrão)
Neste caso, os nomes que têm t- ou s- perdem esses sufixos:
kunhã-obaîúba “mulher do rosto amarelo”
3. Substantivo & verbo transitivo
O objeto direto pode vir incorporado ao tema do verbo transitivo, precedendo-o imediatamente e formando com ele por vezes nova palavra:
'y'ú “beber água”, de 'ý “água” e 'ú “ingerir”
akangóka “arrancar a cabeça”, de akánga “cabeça” e 'óka “arrancar”
tamonhánga “fundar aldeia”, de tába “aldeia” e monhánga “fazer”
Os verbos que têm s- como pronome objetivo de 3ª pessoa (e também alguns irregulares, raros, que têm t-) perdem esses prefixos:
tabepîáka “ver a aldeia”, de (s)epîáka “ver”
paranãepîáka “ver o mar”, de paranã “mar”
akangupíra “erguer a cabeça”, de (s)upíra “erguer”
nhe'engendúba “ouvir voz”, de (s)endúba “ouvir”
Observação. O verbo transitivo em tupi deve vir sempre precedido de objeto direto ou do pronome objetivo que o represente, mesmo pleonasticamente. À falta de pronome individual, pelo menos os pronomes de classe poro- ou mba'é, respectivamente para as classes superior e inferior. O mesmo se diga dos particípios, nomes verbais, etc. Por exemplo, nunca se pode dizer em abstrato aûsupára “o que ama”, “amante”, nem kuapára “o que sabe”, “sábio”. É mister especificar: poraûsupára “o que ama (gente, os outros)”, mba'ekuapára “o que sabe (coisas)”, etc.
4. Adjetivo ou verbo & advérbio
Os advérbios de modo são os próprios adjetivos:
epîakatú “ver bem”
rekoa'íba “maltratar”, de rekó “tratar” e a'íba “mal”
aŷsokatú “muito formoso”, de aŷsó “formoso”
mombe'uporánga “enaltecer”, de mombe'ú “proclamar” e poránga “bonito”
Os adjetivos ou advérbios de prefixos t- ou s- perdem esses prefixos:
nhe'engatã “falar alto”, de atã “duro, forte”
Derivação
É grande o número de prefixos e sufixos de que se serve a língua tupi para formar derivados. Alguns são nominais, outros verbais. É importante ter uma idéia deles, mesmo para poder isolar o tema de palavras que na maioria dos textos vêm escritas sem separação alguma.
Junta-se aqui uma lista dos principais, incluídos também alguns pronomes, partículas e preposições átonas. Para o seu emprego e sentido, o leitor recorra ao dicionário ou às gramáticas.
Prefixos
mo- ou mbo- pe-, pend-; opo-
r(o)- ou no- i-, iî-, î-; inh-, nh-; s-, t-
por(o)-, po-, mor(o)-, mbor(o)- îo- ou nho-; îos- ou nhos-
mba'é o-, ogû-, og-, gû-, g-
te- ou t- gûe-, -e-
se- ou s- îe- ou nhe-
xe; a-; gûi- îo- ou nho-
nde, ne, de; ere-; e-; oro- mi- ou mbi-
îa- ou nha- re- ou r-
oré; oro- nda-, nd-, na-, n-
ta-, t-
Sufixos
sába, ába, tába, -ma, -ba -ne
sára, ára, tára, ána -a
pýra, mbýra -i
-ba'e -u
póra, bóra -pe, -be, -me, -bo, -i
týba, ndýba -pe?
sûára, xûára, ndûára, gûára, gûána -ne
sûéra, xûéra, ndûéra -reme, -neme, -eme, -me, -e
pûéra, ûéra, éra, ndûéra, mbûéra -bo, -mo, abo, amo, -a
ráma, náma, áma -no
ukára -te
e'ýma -ramo, -namo, -amo
-i
-mo
Observação. As formas precedidas de hífen são átonas e enclíticas.
Le formas -ma, ana, mbýra, ndýba, ndûára, ndûéra, mbûéra, náma, -me, -neme, -mo, -namo são as variantes que se empregam após um som nasal. Xûára e xûéra após i.
Alguns afixos, como -i, vêm indicados mais de uma vez: sinal de que têm funções várias.
Os afixos verbais e participiais são suscetíveis das mais variadas composições:
sára: saráma, sarame'ýma, sarûéra, sarûere'ýma, sare'ymbûéra, sarûeráma, sarûerame'ýma, sarambûéra, sarambuere'ýma, satýba, etc.
-ba'e: ba'eráma, ba'erame'ýma, ba'epûéra, ba'epûere'ýma, ba'ere'ymbûéra, etc.
sába: sagûáma, sagûéra, sabambûéra, sagûeráma, satygûéra, etc.
pýra: pyrûéra, pyre'ýma, pyráma, pyrambûéra, pyre'ymbûéra, pyrûere'ýma, etc.
Os prefixos e sufixos que mais amiúde integram nomes derivados são:
Prefixos
mo- ou mbo- : causativo; transitivador
séma “sair” — moséma “fazer sair”, “tocar”, “enxotar”
ykú “líquido” — moykú “liquefazer”
póra “saltar” — mopóra “fazer saltar”
akúba “quente” — moakúba “aquecer”
paîé “feiticeiro” — mopaîé “tornar feiticeiro”
úba “jazer, estar deitado” — moúba “fazer deitar”, “acomodar”
ro- ou no- : causativo-comitativo; transitivador
séma “sair” — roséma “sair com”, “retirar”
póra “saltar” — ropóra “saltar com”
úba “estar deitado” — roúba “fazer deitar consigo”
kéra “dormir” — rokéra “fazer dormir consigo”
iké “entrar” — roîké “fazer entrar consigo”
poro-, por-, po-, moro-, mboro-, etc. : prefixo de classe superior: gente
pysýka “apanhar” — poropysýka “apanhar gente ”
aûsúba “amar” — moraûsúba “amar os outros”; “amor”
séma “sair”; “saída” — moroséma “sair gente”; “saída de gente”
mba'é : prefixo de classe inferior: coisa, planta, animal
pysýka “apanhar” — mba'epysýka “apanhar as coisas”
kuába “saber” — mba'ekuába “saber (as coisas)”; “sabedoria”
séma “sair” — mba'eséma “sair coisa”, “saída de coisas”
t(e)- : mesmo que poro-
obá “rosto” — tobá “rosto (de gente)”
mbi'ú “comida” — tembi'ú “comida (de gente)”
obý “azul” — tobý “azul (gente)”
akypûéri “atrás de” — takypûéri “atrás (de gente)”
iké “entrar” — teîké “entrar (gente)”; “entrada (de gente)”
e'õ “morrer” — te'õ “morrer (gente)”; “morte (de gente)”
s(e)- : mesmo que mba'é
obá “rosto” — sobá “rosto (de bicho)”
mbi'ú “comida” — sembi'ú “comida (de animal)”
obý “azul” — sobý “azul (coisa)”
akypûéri “atrás de” — sakypûéri “atrás (de coisa)”
iké “entrar” — seîké “entrar (coisa)”; “entrada (de coisa)”
e'õ “morrer” — se'õ “morrer (coisa)”; “morte (de coisa)”
îe- ou nhe- : reflexivo
moakúba “aquecer” — îemoakúba “aquecer-se”
moúba “acomodar” — îemoúba “acomodar-se”
pysýka “apanhar” — îepysýka “apanhar-se”
aûsúba “amar” — îeaûsúba “amar-se”
míma “esconder” — nhemíma “esconder-se”
îo- ou nho- : recíproco
moakúba “aquecer” — îomoakúba “aquecerem-se (uns aos outros)”
aûsúba “amar” — îoaûsúba “amarem-se (idem)”
míma “esconder” — nhomíma “esconderem-se”
mi- ou mbi- : particípio passivo, de agente expresso
'ú “comer” — mbi'ú “comido”
míma “esconder” — mimíma “escondido”
aûsúba “amar” — miaûsúba “amado”
mbo'é “ensinar” — mimbo'é “ensinado”
moykú “liquefazer” — mimoykú “liquefeito”
Sufixos
sára, ára, ána : particípio ativo, de verbos transitivos
monhánga “fazer” — monhangára “o que faz”, “fazedor”
pí “picar” — pisára “o que pica”
týma “enterrar” — tymbára “o que enterra”
sýba “limpar” — sypára “o que limpa”
pobána “fiar” — pobandára “o que fia”, “fiador”
póîa “alimentar” — poîtára “o que alimenta”
potára “querer” — potasára “o que quer”
pysyrõ “salvar” — pysyrõána “salvador”
'ú “comer” — gûara “comedor”
bóra : particípio abundancial ativo
kanhéma “fugir” — kanhembóra “fujão”
moraûsúba “amor” — moraûsubóra “amoroso”
ambyasý “fome” — ambyasybóra “faminto”
mara'ára “doente” — mara'abóra “doentio”
póra : particípio abundancial passivo
kamusí “pote” — kamusipóra “o que está (contido) no pote”
ybáka “céu” — ybàkapóra “o que está no céu”
pý “pé” — pypóra “sinal dos pés”, “pegada”
pýra, býra : particípio passivo, de agente indeterminado
îuká “matar” — îukapýra “matado”, “morto”
týma “enterrar” — tymbýra “enterrado”
'ú “comer” — 'upýra “comido”
sába, ába, -ma, -ba : particípio circunstancial; verbal; subst.
îuká “matar” — îukasába “lugar, tempo, ocasião, modo, meio, instrumento, companheiro, causa, motivo, fim, efeito, poder de matar”; “ação de matar”; “o matar”; “matança”
monhánga “fazer” — monhangába “lugar, etc., de fazer”
týma “enterrar” — tymbába “lugar, etc., de enterrar”
sykyîé “temer” — sykyîéba “lugar, etc., de temer”
nupã “açoitar” — nupama “lugar, etc., de açoitar”
poránga “belo” — porangába “beleza”
sýka “chegar” — sykába “lugar, etc., de chegar”; “chegada”
asába “passar” — asapába “lugar, etc., de passar”; “passagem”
sûára, xûára, ndûára, gûára, gûána : o que é ou está & complemento circunstancial
'ára îabi'õ “cada dia” — 'ára îabi'ondûára “quotidiano”
pópe “na mão” — popesûára “que está na mão”; “arma”
ybáka “céu” — ybakygûára “celestial”
mamó “fora”, “longe” — mamòygûára “forasteiro”
ka'á “mato” — ka'àygûána “que mora no mato”
sûéra, xûéra, ndûéra : particípio ativo, abundancial, de verbos não transitivos
atá “andar” — atasûéra “andejo”
nhe'énga “falar” — nhe'engyxûéra “falador”
nhe'engatã “falar alto” — nhe'engatandûéra “o que costuma falar alto”
týba, ndýba : coletivo; abundancial
arasá “araçá” — arasatýba “araçazal”
takûare'ẽ “cana” — takûare'endýba “canavial”
îukasára “o que mata” — îukasatýba “o que costuma matar”
îukasába “lugar, etc., de matar” — îukasatýba “lugar, etc., em que é costume matar”
ráma, áma, náma, ûáma, gûáma : futuro nominal
ybá “fruta” — ybaráma “a que será fruta ”
ména “marido” — menáma “futuro marido”
nhũ “campo” — nhunáma “futuro campo”
óka “casa” — okûáma “futura casa”
tába “aldeia” — tagûáma “futura aldeia”
monhangára “o que faz” — monhangaráma “o que vai fazer”
kanhembóra “fujão” — kanhemboráma “o que vai ser fujão”
ybakapóra “o que está no céu” — ybakaporáma “o que vai estar no céu”
îukapýra “morto” — îukapyráma “o que será morto”
îukasába “lugar, etc., de matar” — îukasagûáma “lugar, etc., em que se matará”
pûéra, mbûéra, ûéra, gûéra : passado nominal
ybá “fruta” — ybapûéra “a que foi fruta ”
nhũ “campo” — nhumbûéra “o que foi campo”
óka “casa” — okûéra “a que foi casa”
ména “marido” — mendûéra ou mendéra “o que foi marido”
kába “gordura” — kagûéra “o que foi gordura”
monhangára “o que faz” — monhangarûéra “o que fez”
kanhembóra “fujão” — kanhemborûéra “o que foi fujão”
îukapýra “morto” — îukapyrûéra “o que foi morto”
îukasába “lugar, etc., de matar” — îukasagûéra “lugar, etc., em que se matou”
rambûéra, ambûéra : passado-futuro
paîerambûéra “o que ia ser pajé (e não foi)”; “ex-futuro pajé”
tabambûéra “a que ia ser aldeia (e não foi)”; “ex-futura aldeia ”
menambûéra “o que ia ser marido (e não foi)”; “ex-futuro marido”
pûeráma, mbûeráma, ûeráma, gûeráma : futuro-passado
paîepûeráma “o que terá sido pajé”; “o que deixará de ser pajé”; “futuro ex-pajé”
nhumbûeráma “o que terá sido ou deixará de ser campo”; “futuro ex-campo”
e'ýma : negativo
monhánga “fazer” — monhange'ýma “não fazer”
monhangára “o que faz” — monhangare'ýma “o que não faz”
îukapýra “morto” — îukapyre'ýma “não morto”
poránga “belo” — porange'ýma “não belo”
porangába “beleza” — porangabe'ýma “falta de beleza”
arasatýba “araçazal” — arasatybe'ýma “onde não há araçás”
nhunáma “futuro campo” — nhuname'ýma “o que não será campo”
— paîerame'ýma “o que não será pajé”
îukapyráma “futuro morto” — îukapyrame'ýma “o que não será morto”
nhumbûéra “o que foi campo” — nhumbûere'ýma “o que não foi campo”
monhangarûéra “o que fez” — monhangarûere'ýma “o que não fez”
paîerambûéra “o que ia ser pajé” — paîerambuere'ýma “o que não ia ser
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